Da
Célula à Igreja local: Desafios & Perspectivas para a Plantação de Igrejas por
meio da visão do Discipulado
Parte 1
Por Pr.Douglas Bortone
Pastor Titular da IMPA
Plantar
Igrejas relevantes é um desafio presente em nosso contexto brasileiro atual. As
constantes transformações sociais do século XXI exigem cada vez mais uma
proposta eclesiológica (a maneira em que a Igreja se organiza) capaz de
responder os seus anseios, sem desprezar a essência do evangelho. Plantar
Igrejas relevantes começa a partir do diálogo entre os desafios sociais e a
missão de Deus para o mundo, fazendo com que este processo colabore com o
crescimento integral da Igreja e principalmente, com o cumprimento da grande
comissão. Sobre isso, Ronaldo Lidório afirma algo interessante:
Tenho
argumento que o plantio de igrejas é peça fundamental na Missio Dei. Sem o
plantio de novas igrejas o propósito de Deus não é realizado na terra. A
transformação da sociedade na direção de Deus ocorre através da sua agência, a
Igreja, e assim comunidades locais de convertidos são a maior expressão de sua
presença e seu desejo transformador[1].
Nesse sentido, a Igreja
cumpre o desafio que está proposto em Mateus 28.19: “fazer discípulos”. E quando eu me envolvo com a sociedade
e faço discípulos/as, ali eu começo a plantar uma Igreja relevante. Se
entendemos o conceito de Igreja como uma “reunião” e “junção” de discípulos,
logo, onde eu faço discípulos/as eu automaticamente posso iniciar um processo
de plantação de Igrejas por meio da visão do discipulado.
Conhecer
a comunidade é abrir caminho para ser aceito por ela, para criar condições e
desenvolver simpatia e empatia. É tornar a igreja parte da comunidade, deixando
de ser um corpo estranho. A Igreja não está na comunidade só para cuidar dos
seus fiéis. Ela está ali para trabalhar com toda a comunidade, para fazer com
que todos ouçam, vejam, sintam e sejam alcançados pelo evangelho.[2]
O primeiro desafio é a oração. Certeza vez ouvi
dizer que: “uma visão sem oração é apenas
uma ilusão”. De fato, se desejamos ver a nossa visão, seja ela qual for, se
concretizando na terra precisamos investir tempo em oração. O êxito do nosso
trabalho está na oração e não podemos negligencia-la. Se a nossa visão é plantar Igrejas, precisamos
gerar primeiramente no mundo espiritual. Orar pela futura Igreja, orar pelas
pessoas, orar pela cidade. Além disso “a oração e a semeadura abundante lhe
indicarão por onde começar a fazer amizades e encontrar pessoas receptivas”[3].
A
oração é uma ferramenta fascinante para a pessoa que deseja ministrar a outros.
É uma das coisas mais simples que podemos fazer. Tudo que precisamos fazer é
sentar (ou ajoelhar) e elevar alguém a presença de Deus. No entanto, a maioria
de nós vai ter que admitir que a oração pelos outros é uma das coisas mais
difíceis para se colocar em prática. Nós
nos ocupamos demais. Nós nos distraímos demais. Ficamos desanimados e não
oramos o suficiente[4]
O segundo desafio deste processo é trazer para
perto os novos discípulos, frutos do cumprimento da grande comissão. A visão da
“Igreja Multiplicadora[5]”
define esse processo como: “Relacionamento
Discipulado” – “o relacionamento intencional de um
discípulo com outra pessoa visando torna-la outro discípulo”[6].
Após o contato pessoal e o interesse por parte do indivíduo, o “Relacionamento
Discipulador” é essencial. É o ponto
chave que desencadeara no desenvolvimento da primeira célula, sendo esse fator
principal para o seu desenvolvimento e crescimento até a sua multiplicação.
Uma das bases das
Células é o desenvolvimento de
relacionamentos que a compõe. O relacionamento discipulador, nesse sentido
é que dará início a primeira célula. Sem os relacionamentos não será possível
criar vínculos que sustente essa primeira etapa no processo de plantação de
Igrejas. O plantador de Igreja deve ser alguém disposto a se envolver com a
sociedade e a se relacionar com as diversas pessoas chaves para esse primeiro
momento. Novamente, a visão da “Igreja
Multiplicadora” afirma que:
O
que difere o trabalho de plantação de uma nova Igreja do trabalho de “fazer
discípulos” de uma igreja local é apenas a intencionalidade de estabelecer uma
nova comunidade de discípulos em um determinado bairro ou cidade. Nesse
desígnio, o plantador de igrejas não perderá nenhuma oportunidade de anunciar o
evangelho a pessoas desconhecidas nas ruas, praças, de casa em casa, hospitais
e escolas, buscando principalmente desenvolver relacionamentos com vizinhos e
outras pessoas acessíveis[7]
Todos nós somos
chamados para participar do projeto de Deus no mundo e a melhor maneira de
participar é fazendo discípulos/as, transmitindo o evangelho e se comprometendo
com a mudança do mundo. Estamos no mundo (a criação de Deus), mas não somos
deste mundo (o sistema que o governa) e assim devemos “proclamar a Cristo até
que ele venha: um chamado para toda a Igreja levar todo o evangelho a todo
mundo[8]”. Que o Senhor nos abençoe nesse desafio de
plantar Igrejas e cumprir a plenitude da grande comissão.
[1] LIDORIO, Ronaldo. Plantando
Igrejas: Teologia Bíblica, Princípios e Estratégias de Plantio de Igrejas. São
Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 2007. Pp.43-44.
[2] BERNANDO, Salovi. MORAES, Luis
Paulo de Lira (Organização). Ação Social da Igreja de Cristo. Rio de Janeiro:
JUERP, 1998. P.37.
[3] BRANDÃO, Fernando. (Org.). Igreja
Multiplicadora: 5 Princípios Bíblicos para o Crescimento. Rio de Janeiro,
Convicção.p.103
[4] EARLEY, Dave. Oito hábitos do
líder eficaz de grupos pequenos: Orientações para transformar seu ministério
fora do encontro do grupo pequeno / célula. Curitiba, 2014. Editora Ministério
Igreja em Células.
[5] BRANDÃO, Fernando. (Org.).
Igreja Multiplicadora: 5 Princípios Bíblicos para o Crescimento. Rio de
Janeiro, Convicção.
[7] Idem, p.103.
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